quarta-feira, 21 de julho de 2010

Relembrando o desfile de 2009 - Parte 3


ALA 3 - DANDO MOLE PRA KOJAK

“Kojak” é uma gíria do morro pra identificar a polícia, também popularmente conhecida como “cana-dura” ou “bicho”. A ala representa o uniforme da polícia do Rio nos anos 50, época em que Bezerra mendigou, cuja cor era marrom. Bezerra, nos tempos mais difíceis, foi constantemente preso, sempre de forma injusta. Era discriminado pelos policiais devido à sua condição social. Mas um de seus maiores orgulhos era sua folha penal possuir um “nada consta”. Ou seja, Bezerra da Silva nunca deu mole pra Kojak.


ALA 4 (BAIANAS) - SÓ BATO CABEÇA PRA VOVÓ

“Bater cabeça”, na gíria umbandista, é reverenciar. A vovó é representada na figura de dona Iracema. Graças a uma mandinga dela, no terreiro Caboclo Junco Verde, Bezerra livrou-se de uma praga que haviam lhe rogado anos antes, o que o fez sofrer dissabores por sete anos. Incorporada como Vovó Henriqueta, a preta velha mostrou, num copo d’água, o rosto de uma mulher que ele havia magoado e que teria feito um trabalho contra Bezerra. Além disso, um Exu que ele teria desacatado também resolveu se vingar. Por isso, sua única saída seria botar roupa branca, fazer caridade, se converter à Umbanda e seguir carreira musical. Desde então, Bezerra da Silva sempre “bateu cabeça pra vovó”. Na barra da saia, os Exus e todos os tipos de pragas estão representados.

CARRO 2 - MEU PAI É GENERAL DE UMBANDA

O então mendigo encontrou na Umbanda a sua salvação, se convertendo à religião, que serviu de impulso para um restante de vida muito bem sucedido. Dona Iracema encaminhou Bezerra para um terreiro na Gávea, chefiado por seu Ogum, o Caboclo Rompe Mato. Lá ficou por quatro anos, tornando-se médium. Além de só bater cabeça pra vovó, era essencial também ficar “zero a zero com o vovô”, ou seja, não possuir nenhum tipo de dívida com ele. Não é a toa que Bezerra, em um de seus sambas, brada o seguinte: “Meu pai é General de Umbanda / assim é seu grito de guerra / se Ogum perder a demanda / nunca mais desce na terra / e em seguida ainda disse / que filho de Umbanda não cai”.

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