segunda-feira, 26 de março de 2012

Antônio Carlos sobre o samba de 2012: "Foi um enorme desafio"

Para 2012, a GRESV Bambas Sambario ousará ao trazer para a Passarela Virtual João Jorge Trinta um samba completamente fora dos padrões atuais, que se remete aos clássicos "lençóis" dos anos 60. De autoria de Neto Rodrygues, o hino para o enredo "Vai Passar..." foi uma grande responsabilidade para o intérprete Antônio Carlos (D), que o gravou neste último sábado (24/3) no Rio de Janeiro, no Estúdio Onda Sonora, de propriedade de Leonardo Bessa (E, puxador oficial do Salgueiro).

Defendendo a vermelho, verde e ouro de Porto Alegre desde a sua fundação, em 1º de agosto de 2008, o cantor do Sereno de Campo Grande admitiu que defender um samba-enredo tão diferenciado foi uma empreitada inédita em seus 20 anos de carreira. "Foi um enorme desafio gravá-lo, pois nunca havia pego algo parecido. Confesso que, no início, tive um pouco de dificuldade com a melodia, mas me sinto um privilegiado em ter a oportunidade de gravar este samba estilo anos 60 e ter me saído bem", comemora Antônio Carlos, que vai para o seu quarto Carnaval Virtual na Bambas Sambario.

O intérprete acredita que a escola está no caminho certo para retornar ao Grupo de Acesso da LIESV, onde a agremiação esteve em 2010, e está na expectativa pela vitória. Antônio Carlos não poupa elogios para a liga pioneira do Carnaval Virtual. "Foi maravilhoso reencontrar grandes amigos e toda a garotada da LIESV. Sou muito feliz de fazer parte desse time", declarou.

Ouça um trecho de demonstração do samba-enredo da Bambas Sambario, na voz de Antônio Carlos.



Enredo: Vai Passar...
Autor: Neto Rodrygues
Intérprete: Antônio Carlos

Oh carnaval, tu és a minha loucura
Onde tenho a liberdade de expressar minha bravura
Em meio a tanta opressão sofrida, meu ancestral lutador
Hoje se faz presente pra cantar a sua dor
Lembrando que um dia, no arroubo do invasor
As suas mãos feridas por afagar o seu senhor
Serviam também como forma de louvor
Tantos séculos passados, hoje somos “sambeiros”
Descendentes de guerreiros e sambamos a liberdade
Nos vestindo de um sonho que outrora foi realidade

Vamos sambar, camarada
Vamos sambar! A liberdade até o dia clarear (bis)
Nas ruas a conclamar a voz de uma nação
De braços dados defendendo a união

Nesse mesmo cenário tão rico e por vezes tão hostil
O brado da ditadura ecoou se fez forte
Mas não nos calou
Muitos poetas feridos tentando apagar o terror que a tirania assistiu

Oh liberdade! Tão sonhada e tão cantada nos dê a sua mão (bis)
Vamos “alternativar” a nossa sociedade
Construindo uma nova realidade

Diretas Já! Gritava a platéia ensandecida
Por um novo ideal que unissem nossas vidas
Nossos corações aprendizes não mais suportavam
Essa intransigente repressão
Queríamos viver por nossas próprias mãos
Sem grilhões e sem amarras, sem cobrir as nossas caras... eis a intenção
Até que um dia despontou um grande homem
Que nos iria transportar à realidade tão sonhada
E nessa mesma ação, em meio a sua eleição
O Brasil poderia cantar...

Olerê, olerê, olará, olará (bis)
Essa luta é do povo
E não só pra quem se diz, “pro dia nascer feliz”