segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sinopse Bambas Sambario 2011

Moro onde não Mora Ninguém, mas Sambo onde Você Samba Também

Bom dia, boa tarde, boa noite. Queria lhe pedir uns minutinhos de atenção. Meu nome é Antônio, nasci no Rio de Janeiro em Agosto de 1942, mas isso não importa muito.

Sabe, seu moço, a minha vida foi difícil. Nasci e cresci no Morro da Providência, no meio da miséria e da violência. O meu pai, era músico, mas perdi quando ainda era menino. Assim, passei a trabalhar para sustentar a minha mãe, que era faxineira lá no Morro. Aos 18, entrei para a Aeronáutica, mas acabei sendo expulso. Fugia sistemáticamente para viver um de meus maiores prazeres: as mulheres.

A minha vida profissional começou como Office-Boy da Embaixada da Alemanha, no Rio de Janeiro, mas o batente começou mesmo lá na extinta TELERJ, como um simples técnico projetista. Mas, apesar do samba ter começado pelo telefone, meu negócio não era ser técnico projetista não. Eu queria mesmo era ser um cantador !

Cantador. Isso mesmo, seu moço! Cantar, fazer o povo feliz, fazer meu pé de meia, e quem sabe, até aparecer nessa Televisão, que corre o mundo de meu Deus. E foi assim que começava a minha história como um cantador. De Samba, Baião, Romântico, um Forró, um samba-enredo ou até mesmo um Partido Alto. Sabe aquelas músicas populares, de boemia, tomando uma cachacinha, comendo uma lingüiça e beijando na boca uma menina de cabelos longos? Era disso que eu gostava, seu moço.

Nos anos 70, a garotada só queria saber de Tropicalismo, cabelos ao vento, o iê-iê-iê, cantar contra a Ditadura Militar. Me chamavam de brega, de malicioso e até de bizarro. Mas eu fui a luta. Em 1975, ao lado do amigo Canário, lancei num compacto minha primeira canção, que até o Wando regravou, era mais ou menos assim:

Moro... Onde não mora ninguém
Onde não passa ninguém
Onde não vive ninguém

É lá onde moro
Que eu me sinto bem...

Não dava nem pra acreditar. Gente, o meu compacto virou sucesso! E com essa canção, eu finalmente ganhava as rádios e vitrolas deste meu país. 950.000 cópias. E foi a partir daí que eu começava a minha carreira pra valer.

Com um terno e um par de sapatos, igualmente brancos e um estilo pra lá de romântico-sensual, passei a embalar os bailes do interior do Brasil. Mas a resistência da imprensa e das Rádios FM não iam embora. Era difícil lutar contra a mídia e esse pessoal de música mais sofisticada. Ninguém queria saber de mim não. Mas até que um amigão de São Paulo, chamado Gilberto Vasconcelos, me apelidou de Sambão-Jóia.

E, três anos depois, veio o segundo LP. Porém, a música mais famosa deste disco, tinha um balanço tão gostoso que dizia assim, olha:

Êi...Êi....Êi !
Menina de Cabelos Longos
Quero te levar pra longe
No primeiro bonde
A gente pode partir

...

Pra comer, beber, dormir...
Pra comer, beber, dormir...
... e não pagar

Com tanta gente nesse meu Brasil ouvindo minhas músicas, após o compacto de 1975, surgiram mais um, dois, três LPs. E junto do trabalho ao lado de parceiros maravilhosos, veio o reconhecimento. E, no balanço do romantismo, do samba e do baião, fui parar na grande mídia. Em 1984, eu tive até uma canção que foi parar na novela "Vereda Tropical", da Rede Globo. Era a "Deixa Eu Te Amar". Com essa canção tocando toda hora na novela, e a novela fazendo bonito na audiência, o disco atingiu um milhão de cópias. É isso mesmo. Fui o primeiro artista de samba a vender um milhão de cópias e ganhei uma Mercedes da gravadora. Virei até capa da Revista Veja dois anos depois! Isso mesmo, a imprensa que não queria nada comigo nem com minhas músicas, nos anos 70, veja você, agora eu era reportagem de capa da principal revista deste país tão popular.

Ah, e a música que estourou na novela? Canta comigo, canta...

Deixa eu te amar
Faz de conta que sou o primeiro
Na beleza deste teu olhar
Eu quero estar o tempo inteiro

Depois da novela e da capa da revista, não tinha mais volta. Eu finalmente era um cantador reconhecido pelo povo do Brasil. Meu som, apesar de simples, era sucesso. E, graças a Deus, não demorou para outros discos e canções surgirem. Logo virei figurinha carimbada no programa do meu amigo Abelardo Barbosa. O Cassino do Chacrinha. Um dos programas de auditório mais famosos do Brasil, quem diria, me recebia por sábados e sábados. E, ao som de "Virou Mania", "Dona do Meu Ser", "Cama e Mesa", Cheiro de Primavera", "Boca de Mel" entre várias canções de meus LPs, ao lado de tantos parceiros queridos, eram várias tardes e noites felizes, em programas de TV.

Seu moço, esqueci de te falar uma coisa. Assim como você, eu também gostava muito de escola de samba. E, como não podia deixar de ser, entrei para a Ala de Compositores da nossa querida Portela. Não só da azul e branco de Madureira, mas tinha um carinho imenso pelas escolas e seus grandes baluartes. Além de concorrer com sambas-enredo na Portela, poder regravar clássicos como "Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de Uma Noite", "Festa Profana", "Portela na Avenida", entre outros, pra mim, foi um prazer. Minha Portela querida... Que saudades de você.

E vieram novos sucessos, novos parceiros, novas gravadoras. Era "Ilê Ayê" pra cá, era "Minha Cachaça" pra lá e a felicidade, que eu sempre quis pro Morro do Juramento e pra todo esse meu Brasil, era real. O tempo passou, e até que um dia, recebi um chamado daquele que a vida inteira, agradeci imensamente por cada canção e cada sucesso.

É que o negócio ali pros lados do andar de cima, estava muito monótono, sem graça. Ali não morava ninguém, não passava ninguém, e o Criador me chamou para fazer, ao lado de anjos e querubins, um lindo "Forró em Cachoeira", com um coqueiro alto e um cachorro magro amarrado por lá. Afinal, se ali é mesmo o paraíso, era preciso ter um pouquinho mais de alegria. Já tem quinze anos que eu me mudei pra lá.

Hoje, sou saudades aqui na terra. Mas, olha só. Sempre que quiser se lembrar de mim, só lembrar daquela menina dos cabelos longos e olhar pra uma estrela, que lá de cima, eu estou olhando por você também. Eu quero sempre te ver com um sorriso no rosto.

Ah, o meu nome artístico? Esqueci de dizer. Antônio Gilson Porfírio, ao seu dispor. Mas, se quiser, pode me chamar simplesmente de Agepê. Muito obrigado pela atenção, moço. Seja feliz aí na terra que eu também sou bem feliz aqui em cima, sendo homenageado pela Bambas Sambario, escola onde você samba também.

Ninguém calará nosso barracão!

Luís Butti
Carnavalesco G.R.E.S.V. Bambas Sambario

Texto e Pesquisa:
Luís Butti, Marco Maciel e Thiago Meiners

Fontes:


Almanaque Anos 80 - Luiz André Alzer e Mariana Claudino, Ed. Ediouro.
Revista Veja - Janeiro 1986

Encarte Agepê - Coletânea Millenium 2000 – Universal Music

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Bambas Sambario anuncia enredo e sinopse nesta segunda (30/8)

A GRESV Bambas Sambario já tem enredo para o próximo Carnaval Virtual da LIESV. O tema, de autoria do carnavalesco Luís Butti, será apresentado juntamente com a sinopse em evento no Yahoo Messenger na próxima segunda-feira (30/8), a partir das 21h (horário de Brasília).

A festividade será apresentada pelo próprio Luís Butti, que lançará o enredo e a sinopse do desfile da Bambas Sambario para 2011, visando o retorno ao Grupo de Acesso da LIESV. Possivelmente neste mesmo evento, a escola também anunciará o seu novo carnavalesco e o regresso aos trabalhos no Barracão Suprasumo. Ao mesmo tempo em que Butti lançará o tema, o blog-barracão, juntamente com o site SAMBARIO, disponibilizarão a sinopse e as regras para o concurso de samba-enredo, declarando oficialmente abertas as eliminatórias da Bambas Sambario para a próxima folia virtual.

É a Bambas querendo voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Ninguém calará nosso barracão!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ninguém Calará nosso Barracão!

Grandes amigos LIESVianos

Nesses três anos juntos, eu adotei toda a comunidade da LIESV como uma espécie de segunda família pela adorável convivência diária, pelas conversas animadas regadas a muito carnaval e samba no pé, pela alegria que cada um de vocês, sem exceção, me despertaram.

E dessa alegria, surgiu um dos maiores momentos de superação que já vi, um exemplo de pura amizade e companheirismo, configurando uma atitude humana das mais louváveis já presenciadas em 26 anos e meio de vida.

Luis Butti, grande parceiro, esteve com a gente durante todo esse ano, principalmente nas horas mais difíceis, quando a equipe antes planejada pela agremiação, por motivos particulares, não pode seguir com o trabalho adiante. Resultado: ficamos só Butti e eu sozinhos. Por algum motivo que nem eu sei explicar muito bem, tivemos uma preparação conturbada no Barracão Suprasumo, algo que beirou ao desastre.

Mas eis que Butti, guerreiro, que nunca fizera uma fantasia na vida, desenhou dezenas num curto espaço de três dias e heroicamente colocou a Bambas Sambario na JJ30. Por isso, só o fato de termos desfilado, por conta de tudo o que aconteceu, nos deixou muito feliz.

Infelizmente, não cumprimos nosso objetivo. O rebaixamento para o Grupo de Avaliação mostra que devemos aprender com os erros, e tenho certeza que, um dia, todos eles nos serão úteis e fundamentais para um futuro próspero a ser reservado.

A GRESV Bambas Sambario deverá continuar suas atividades visando o Carnaval Virtual 2011, buscando em 2012 retornar ao glorioso quadro LIESViano. Já tínhamos um enredo pronto para o Acesso. Porém, em virtude do ocorrido, o deixaremos para uma outra oportunidade. Em breve, iremos anunciar a nova equipe e um novo enredo. Primeiro, precisamos esfriar a cabeça e assimilar o golpe, que foi doloroso, mas que nos fará crescer e motivará, por que não, gargalhadas nos próximos carnavais.

Ninguém calará nosso barracão!

Abraços, queridos amigos!

Marco Maciel
Presidente da GRESV Bambas Sambario

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Relembrando o desfile de 2009 - Parte 4

ALA 5 - DEDO DURO: Bezerra da Silva sempre criticava os alcaguetes, ditos “dedos duros”, que delatavam à polícia as atividades fora da lei cometidas por algum amigo ou conhecido, causando a revolta na comunidade. Afinal, a lei do morro, segundo Bezerra, é “ver, ouvir e calar”. O “dedo duro” também é popularmente conhecido como “caguete”, “dedo de gesso”, “dedo de anzol”, “boca de radar”, “língua de tamanduá” e “dedo de seta”. A cor da farda é cinza por representar o atual uniforme da polícia carioca, já que a “cagüetação” dos irmãozinhos até hoje ocorre em massa.









ALA 6 (BATERIA) - SE NÃO FOSSE O SAMBA: Bezerra da Silva um dia cantou: “Se não fosse o samba, quem sabe hoje em dia eu seria do bicho / não deixou a elite me fazer marginal / e também em seguida me jogar no lixo”. São trechos da música que serviu de esquenta para a entrada da Bambas Sambario na João Jorge Trinta. O samba fez de Bezerra um homem consagrado até depois da morte, o tornando um dos expoentes mais notáveis do gênero. Nada mais justo a bateria homenagear o ritmo que tanto nos contagia.










ALA 7 (PASSISTAS) - PIRANHA: Já diria o nosso sambista: “Eu batalho a vida inteira / Pra bancar essa mulher / E ela ainda diz a todo mundo / Que eu sou um tremendo Zé Mané”. Mulher interesseira e oferecida é pejorativamente conhecida como “piranha”. Coitados do maridos que, constantemente traídos, ganhavam adornos como uma “antena de televisão” na cabeça: o famoso chifre. Por essas e outras que “piranha não dá no mar... somente na água doce se apanha”.









ALA 8 - PEGA EU QUE EU SOU LADRÃO: Primeiro grande sucesso de Bezerra da Silva, o samba “Pega Eu” conta a inusitada história de um ladrão que, ao invadir um barracão com o intuito de roubá-lo, fica traumatizado com a miséria do local. Tanto que resolve sair gritando pela rua: “Pega eu que eu sou ladrão”. O bom humor sempre prevaleceu nos sambas de Bezerra.